sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Selfie Global

Foi lá pelos anos 80 que vi um livro sobre o conceito de capacidade de carga, escondido em uma biblioteca. Isto foi nos tempos em que a gente ainda esbarrava em idéias novas em Bibliotecas.
Aquilo foi uma ficha, talvez um fichário inteiro, que caiu para mim. Quantos animais ou quantas pessoas uma área é capaz de manter? As idéias ecológicas se uniram a Malthus ali mesmo, no chão da Biblioteca (nesta época eu podia sentar no chão).
Se houver gente demais, ou se cada um usar recursos demais, a coisa degringola. Você vai encontrar exemplos em sua casa, cidade, país ou planeta, onde quiser.
A idéia me impressionou tanto, que quis até trabalhar com ela, mas na época era impossível. Como medir estas coisas de verdade, como colocá-las em prática ?
Ainda que nos 80 já tivéssemos visto aquela imagem fortíssima da Terra como uma limitada (ainda que gigantesca) bolinha de gude, tirada a meio caminho da Lua, ela ainda era somente isto, um ícone, um símbolo forte, mas de pouco uso prático.
Nesta semana demos um passo importante para pensar o ambiente do planeta como um todo. Foi lançado o satélite DSCOVR que estacionará em um ponto onde a gravidade da Terra anula a do Sol, e que é distante o suficiente para enxergarmos o planeta todo de uma vez.

Esta visão ampla é cada vez mais necessária se quisermos entender um pouco o que vai acontecer enquanto o planeta se aquece. Por que, por exemplo a minha querida cidade de Boston se enterra em neve enquanto o planeta se aquece? É que com a água do mar mais quente, evapora mais umidade que em contato com o ar frio... E por que a minha querida cidade de Londrina enfrenta secas cada vez mais extensas? E não só ela, mas boa parte da Califórnia, Austrália e África também. Esta já é mais difícil de desvendar, porque interagem efeitos locais e globais. Em 110 dias, quando começarmos a enxergar o planeta todo continuamente, iremos entender isto, e quem sabe então tomar algumas medidas concretas para evitar que em 100 anos sejamos duas colônias de poucos milhões de pessoas morando nos pólos.

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