sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Longe demais

Precisa de foto para percebermos que fomos longe demais?
Refugiados morrem todo dia, às centenas. não precisa ir a Síria, basta ir ao posto de saúde ou ao bairro pobre. A Síria é aqui, há refugiados de todo tipo ao redor.
Sempre desconfiou-se que o herbicida Glifosato é cancerígeno. Agora até a Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde confirmam. Qual foto precisa para mostrar que o lucro de uns é o câncer de outros?
Enquanto a temperatura do planeta sobe, continuamos ostentando nossos tanques de guerra urbana e reclamando das bicicletas. Precisa de foto também?
Quantos tratamentos cardíacos não acontecem por causa de corrupção na política? Tem foto?
Laboratórios de remédios distribuem mimos para médicos. Quantos de nós estão pagando para ficar ainda mais doentes? Alguém fotografou?
Umas tantas racionalizações talvez mantenham esta porcariada longe de alguns de nós, mas a bem da verdade é nossa humanidade que é levada diariamente aos poucos pelas ondas do mar.
A situação na Síria ficou conhecida só agora, mas não é nova. Entre 2006 e 2009 uma seca extrema, sem paralelo na história do Crescente Fértil mandou os agricultores para as cidades, muitos em subempregos.
Se você não conhece a história do Crescente Fértil, deveria, porque nossa humanidade nasceu lá, há dezenas de milhares de anos, com o excedente dos campos naturais de trigo servindo para estabelecer cidades, escrita, cultura e tudo o mais que nos faz humanos.
Tendo começado antes, este deveria ser um lugar excepcional, onde todos gostariam de morar, assim, uma escandinávia. Ao contrário, 20.000 anos de “humanidade” só fizeram desertificar e criar uma multidão de refugiados.
A morte desta criança não era só diretamente evitável. No começo deste ano o prestigioso periódico Proceedings of the National Academy of Sciences  publicou artigo provando que a seca recorde de 2006-2009 resultou das mudanças climáticas. Lembre de Aylan quando ligar seu tanque de guerra para levar seu filho para a escola.
Não deveriamos precisar de foto para sabermos que fomos longe demais.

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